Os quatro Beatles ensejavam quatro elementos: o intelectual, o romântico, o místico e o clown" (algo traduzível como o brincalhão, o palhaço). Tal alquimia resultou na banda perfeita, a melhor da história do rock.
Não se consegue imaginar os Beatles sem Ringo na bateria (o "clown"). Era o cara mais engraçado e ao mesmo tempo o que dava segurança nas baquetas, marcando com precisão toda a performance coletiva.
Imagine os Beatles sem a timidez de George Harrison... Difícil imaginar a banda sem os elaborados rifs de guitarras pontualmentes colocados, como em "I Need You", por exemplo, ou o belíssimo solo de "While My Guitar Gently Weeps"... (Há quem afirme que Eric Clapton deu uma pequena ajudinha, embora não há créditos no disco). George era o místico, convertido ao Hinduísmo, influenciou até algumas músicas de Lennon...
Agora o ponto crucial: a dupla Lennon e McCartney - a maior dupla de compositores da história do rock - um romântico, capaz de compor "Michele" e "Yesterday". O outro, tornar-se-ia ativista fervoroso, pacifista e capaz de compor pérolas como "All You Need Is Love" e "Across de Universe". Um romântico outro intelectual.
Se vivo estivesse, Lennon estaria completando neste 9 de outubro, 70 anos.
“...And in the end, the love you take
is equal to the love you make!...”
The End (Lennon & McCartney)
From Abbey Road Album, 1969
Os Beatles por eles mesmos (os depoimentos foram extraídos do documentário Anthology, 1986)
“Foi mágico! Realmente houve momentos de amizade e carinho entre quatro pessoas… Um quarto de hotel aqui e ali… Uma intimidade realmente impressionante… Apenas quatro caras que realmente gostavam muito um do outro. Foi sensacional!”
Ringo, o “clown” (traduzindo, é algo como brincalhão, palhaço, o cara engraçado)
“Eles deram dinheiro, deram os gritos, mas os Beatles deram o sistema nervoso, que é a coisa muito mais difícil de dar!”
George, o místico
“Fico realmente contente que muitas das canções falassem de amor, paz, compreensão. Nenhuma dizia ‘é isso garoto, diga a eles que se danem, abandonem seus pais...’ É tudo muito ‘você só precisa de amor’ ou ‘deem uma chance a paz’ do John... Havia um espírito bom por traz de tudo!”
Paul, o romântico
“É apenas natural. Não é nenhuma catástrofe. Falam como se fosse o fim do mundo. É só uma banda de rock que se separou. Não é nada importante. Você tem todos os discos antigos aí, se quiser recordar!”
John, o intelectual
9 de outubro de 1940. Há 70 anos nascia John Winston Lennon, aquele que se tornaria o beatle mais emblemático, ativista e que seria brutalmente e covardemente assassinado em Nova Iorque em 8 de dezembro com apenas 40 anos e sepultando de vez qualquer esperança de vermos os “fab 4” juntos novamente.
A importância de Lennon para a cultura contemporânea é inegável. Enraizado na contracultura dos anos 60, foi o expoente máximo do psicodelismo nos Beatles, com músicas como “A Day In A Life” ou “Lucy In The Sky With Diamonds”, ambas do psicodélico álbum “Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band”, considerado o álbum mais revolucionário da história da música pop. Além disso, sua vida ficou marcada por seus engajamentos políticos, iniciado em meados dos anos 60 quando compôs um belíssimo hino pacifista intitulada “All You Need Is Love”. A música foi um marco na história.
Em 1967, a equipe do canal londrino BBC convidou os Beatles a participarem do primeiro evento transmitido mundialmente via-satélite, ao vivo simultaneamente para 26 países: o programa Our World. Esse trabalho envolveu redes de TV das Américas, Europa, Escandinávia, África, Austrália e Japão.
Foi então solicitado que o grupo escrevesse uma música cuja mensagem pudesse ser entendida por todos os povos do planeta. John Lennon e Paul McCartney começaram a trabalhar separadamente em diferentes letras, até que Lennon acabou escrevendo esse clássico que se encaixou perfeitamente ao objetivo proposto, pois a mensagem de amor contida na canção poderia ser facilmente interpretada ao redor do mundo.
Os Beatles foram transmitidos ao vivo diretamente do Abbey Road Studios em 25 de junho de 1967.
A canção foi gravada durante a apresentação, embora eles tivessem preparado antecipadamente – num período de cinco dias – as gravações e a mixagem antes da transmissão. A letra trazia uma mensagem de paz nos tempos da Guerra do Vietnã.
Os Beatles convidaram vários amigos para participarem do evento, cantando o coro da canção, entre eles Mick Jagger, Eric Clapton, Marianne Faithfull, Keith Moon e Graham Nash.
O programa foi visto por cerca de 350 milhões de pessoas e foi responsável por eternizar ainda mais o nome dos Beatles na história.
O Seu ativismo político foi mais marcante em sua carreira solo. A gravação da canção "Give Peace a Chance" em 1969 contra a Guerra do Vietnã marca a transformação de Lennon em um ativista anti-guerra. Foi o começo de um processo que culminou em 1972, quando a administração do presidente norte-americano Richard Nixon tentou deportá-lo dos Estados Unidos.
Quando John Lennon e Yoko Ono mudaram-se para Nova Iorque em agosto de 1971, eles se tornaram amigos de líderes anti-guerras como Jerry Rubin, Abbie Hoffman, e outros, e planejaram um concerto nacional para que coincidisse com a eleição presidencial de 1972. John Lennon tentaria convencer aos jovens a votar contra a guerra, ou seja, a votar contra Nixon.
O governo Nixon começou a investigar John Lennon com a finalidade de deportá-lo. O concerto nunca aconteceu, mas John passou, na época, boa parte de seu tempo tentando livrar-se da deportação.
Em 1971, John Lennon cantou no concerto Free John Sinclair em Ann Arbor. Sinclair era um ativista anti-guerra preso por dez anos por portar dois cigarros de maconha. John Lennon e Yoko Ono apareceram no concerto assim como Stevie Wonder e outros músicos, mais os ativistas radicais Jerry Rubin e Bobby Seale dos Panteras Negras.
Em 1972, John deu entrevista ao Mike Douglas Show, falando contra a Guerra do Vietnã. Nixon deixou a Casa Branca após o escândalo de Watergate. Em 1975, John Lennon conseguiu finamente seu green card. Após sua morte em 1980, o FBI admitiu tê-lo investigado.
John também se envolveu em grandes polêmicas durante sua carreira e a mais comentada delas foi uma declaração dada em 4 de março de 1966, durante uma entrevista para o London Evening Standard, feita pela jornalista Maureen Cleave e que trouxe muita polêmica a respeito do Cristianismo. John disse: "O Cristianismo vai desaparecer. Vai diminuir e encolher. (...) Nós, Beatles, somos mais populares do que Jesus neste momento. Não sei qual vai desaparecer primeiro - o rock and roll ou o Cristianismo. Cristo não era mau, mas os seus discípulos eram obtusos e vulgares. É a distorção deles, que estraga o Cristianismo para mim."
Ao ser publicada nos Estados Unidos, a entrevista causou polêmica. O cinturão bíblico norte-americano reagiu queimando os álbuns dos Beatles em praça pública. Várias estações de rádio baniram as canções dos Beatles.
Em 11 de agosto do mesmo ano, John Lennon deu uma conferência a imprensa em Chicago dizendo: "Se tivesse dito que a televisão era mais popular do que Jesus, ninguém teria ligado.(...) Não sou anti-Deus, anti-Cristo ou anti-religião. (...) Não estou a dizer que sejamos melhores ou maiores, ou a comparar-nos a Jesus Cristo como pessoa ou Deus ou seja o que for. Disse o que disse e estava errado - ou fui interpretado erradamente."
O pensamento de Lennon
“A mulher é o negro do mundo. A mulher é a escrava dos escravos. Se ela tenta ser livre, tu dizes que ela não te ama. Se ela pensa, tu dizes que ela quer ser homem.”
“É uma falta de responsabilidade esperarmos que alguém faça as coisas por nós.”
“Deus é um conceito pelo qual medimos o nosso sofrimento.”
“Pense globalmente e atue localmente.”
“Eu quero dinheiro apenas para ser rico.”
“O trabalho não justifica a existência. A gente trabalha para existir e vice-versa.”
“Amo a liberdade, por isso deixo as coisas que amo livres. Se elas voltarem é porque
as conquistei. Se não voltarem é porque nunca as possuí.”
"A vida é aquilo que acontece enquanto você está planejando o futuro."
“Quando fizeres algo nobre e belo e ninguém notar, não fique triste. Pois o sol toda
manhã faz um lindo espetáculo e no entanto, a maioria da platéia ainda dorme...”
“Eu tenho o maior medo desse negócio de ser normal.”
“Não se drogues se não és capaz de suportar sua própria dor. Nenhum lugar fará tu te
sentires um homem. Eu estive em todos os lugares e só me encontrei em mim
mesmo.”
“Living is easy with eyes closed.”
“A ignorância é uma espécie de bênção. Se você não sabe, não existe dor.”
“Você pode dizer que sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Eu espero que algum dia você junte-se a nós
E o mundo viverá como um só”
Trecho da canção "Imagine", 1971
“Vivemos num mundo onde nos escondemos para fazer amor! Enquanto a violência é praticada em plena luz do dia.”
“Eu componho de acordo com as circunstâncias em que estou envolvido, seja de ácido ou na água.”
“Um artista nunca pode ser absolutamente ele mesmo em público, pelo simples fato de
estar em público. Pelo menos, ele precisa sempre de ter alguma forma de defesa.”
“A vida é o que lhe acontece, enquanto você está ocupado fazendo outros planos.”
"As pessoas têm de perceber... que ficar nu não é obsceno. O importante é sermos nós mesmos. Se todas as pessoas fossem o que são, ao invés de fingirem que são o que não são, existiria a paz".
Texto adaptado por Gilberto Moreira da Silva
Fontes de Consulta:
http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Lennon
http://www.pensador.info/frases_de_john_lennon/
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