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segunda-feira, 12 de julho de 2010

Uma Copa para esquecer...

O mundo tem um novo campeão: Espanha entra para o seleto grupo dos oito campeões mundiais após 19 disputas. A Holanda amarga a maldição do vice. Pela terceira vez chega e não ganha.

Uma Copa de nível técnico baixíssimo, de erros gravíssimos na arbitragem e tendo como sensações uma bola chamada Jabulani, um polvo chamado Paul e uma modelo paraguaia (embora não estivesse presente na África), Larissa Riquelme. De bom, a eleição de Forlán para a bola de ouro da Copa, realmente honrando a camisa “10” que veste pela Celeste Olímpica e que fez uma grande campanha e chegou em 4º lugar, salvando um pouco da honra dos sul-americanos, que foram muito mal, a começar pelo time do Dunga.

A Espanha leva e não me convence. Um time que tem um bom toque de bola e só. Sua defesa sofreu apenas 2 gols, mas está longe de ser grandiosa. E seu ataque é o pior de todos os campeões da história, com apenas 8 gols em 7 jogos, isso considerando o gol da prorrogação no jogo final. Com o título a Espanha passará o Brasil no criterioso ranking da FIFA, talvez perderemos também o 2º lugar para a Holanda, que no último ranking era 4º. Enfim, uma copa para ser esquecida.

De qualquer forma, um título merecido, uma vez que a Holanda que jogou apenas um razoável primeiro tempo foi acuada pelo maior volume de jogo da Espanha no segundo tempo e na prorrogação, sem contar o excesso de faltas violentas e no excesso de reclamações. Parece mesmo que esqueceram o bom futebol de outrora e passaram a jogar de forma catimbeira. Já havia sido assim contra o Brasil. Fato é que se a Espanha não encantou, pelo menos eliminou a Alemanha jogando muito mais que o adversário e na final também foi superior ao adversário, que amarga agora o terceiro vice-campeonato em sua bagagem.

Veja como ficou a classificação das seleções após a grande final:

Pos Seleção        PG   J   V   E   D   GM   GS   SG   %

1º Espanha          18    7   6    0   1       8      2     6    86
2º Holanda          18    7   6    0   1     12      7     5    86
3º Alemanha        15    7   5    0   2     16      6   10    71
4º Uruguai           11    7   3    2   2     11      8     3    52
5º Argentina        12    5   4    0   1     10      7     3    80
6º Brasil              10    5   3    1   1       9      5     4    67
7º Gana                8    5   2    2   1       5      4     1    53
8º Paraguai           6    5   1    3   1       3      2     1    40

Premiações

O uruguaio Diego Forlán é o melhor jogador da Copa do Mundo de 2010. O atacante, destaque da seleção quarta colocada na África do Sul, foi escolhido em votação dos jornalistas credenciados pela Fifa para o Mundial para receber o prêmio Bola de Ouro.

É a primeira vez que um jogador de uma seleção quarta colocada ganha o troféu (anteriormente somente jogadores dos três primeiros tiveram o privilégio).

Forlán teve 23,4% dos votos, contra 21,8% do Bola de Prata Wesley Sneijder, vice-campeão com a Holanda. O campeão espanhol David Villa foi o terceiro colocado e ficou com a Bola de Bronze, com 16,9% dos votos.

O trio também divide a co-artilharia da Copa com o alemão Thomas Müller. Todos anotaram cinco gols na competição. Mas é Müller que fica com a Chuteira de Ouro, prêmio dado ao artilheiro da competição. Ele leva a melhor nos critérios de desempate, que são assistências e gols marcados por minuto em campo.

Müller fez três assistências, primeiro critério, contra uma de David Villa e Sneijder, Chuteiras de Prata e de Bronze, respectivamente. Além disso, o alemão anotou seus cinco gols atuando 473 minutos, bem menos que o espanhol (634) e o holandês (652).

Os outros vencedores dos prêmios individuais da Copa foram justamente Müller, considerado o Melhor Jogador Jovem da Copa - participam apenas jogadores nascidos após 1º de maio de 1989 - e o espanhol Iker Casillas, campeão pela Espanha e vencedor da Luva de Ouro, prêmio dado ao melhor goleiro do Mundial.

Apesar da violência no jogo final, a seleção da Espanha levou junto do título mundial o prêmio Fair Play, concedido pela Fifa à equipe que, no entender do Comitê Técnico, foi a mais disciplinada da competição e que tenha contribuído para o espírito esportivo e social do futebol.

Os olhos agoram estão voltados para 2014, quando o Brasil sediará a próxima Copa, a última em foma de rodízio de continentes. Um longo caminho teremos até lá. Reestruação de nosso transporte áreo e terrestre, construção e reforma de nossos estádios, bem como a preparação de uma boa estrutura para recebermos o mundo, de forma que possamos mostrar realmente de que somos não só bom com a bola no pé, mas na organização do show bussiness que virou a copa. Além disso, temos que montar uma equipe que seja campeã, a torcida não aceitará outro resultado.

Embora eliminado desta copa de forma inusitada e por muitos até esperada, não vi nenhum adversário ser infinitamente superior ao Brasil. Excetuado-se Paraguai e Gana, qualquer um dos oito que disputraram as quartas de final poderiam ter chegado a final e até conquistado o título, inclusive o Uruguai, que tomara tenha recuperado o espaço perdido a 40 anos no futebol mundial. A Copa foi marcada por muito equilíbrio e de um futebol pragmático, defensivo e muitas vezes violento, além de arbitragens catastróficas que interferiram diretamente no resultado final de vários jogos. O gol de mão de Luis Fabiano, o gol em impedimento de Tevez, o gol que a bola entrou 30 cm ou mais e não foi validado e outros erros relativos a violência não coebida corretamente.

Nenhum time encantou, nem mesmo a Alemanha, tida como sensação e que teve o melhor ataque da competição. Como nós, errou quando não podia e jogou acuada contra a Espanha. Sinal da inexperiência de uma jovem seleção? Mas poderá colher frutos para 2014. Quanto a nós, estamos na estaca zero, sem técnico, com craques envelhecidos e na esperança de sempre surgirem novos talentos a cada dia. Como sugestão para a Adidas, a bola da copa 2014 poderia-se chamar “polvozela” e o garoto propaganda Felipe Melo, o cara que além de não saber quem foi Carlos Alberto Torres, foi o rei da botinagem…

Gilberto Moreira da Silva